6.3.07

Raças: Blonde d´Aquitaine

Touro a cima- da Lagoa da Serra

Touro a cima, da lagoa da Serra
Não existem dados suficientes para discutir a origem desta raça francesa, embora existam diversas variedades nos vales dos Pirineus.
Depois da incrível mortandade registrada em 1775, devido a uma rara epizootia, foram introduzidos animais das raças rubia pirenaica, limousin e salers para recuperar o gado local das montanhas e platôs geralmente de pastagens pobres (FAO,1967).
No início do século XIV, o gado de “Garonnais” ocupava uma vasta zona, com variedades bovinas como a agenais, marmandais, quercy e os tipos de montanha. A seleção começou em 1820, eliminando - se as variedades, restando apenas a legitima garonne. Para melhorar a precocidade e as características funcionais, os criadores franceses voltaram a fazer o cruzamentos na Segunda metade do século XIX, importando touros shortorn, em 1860.
Como os shorthorns não se prestavam ao trabalho, os produtores trataram de cruzar o gado com a raça charolesa, em seguida abandonada e substituída pela raça limousin.
No final do século XIX, a raça se dividiu, surgindo a raça quercy (com forte influência de limousin) e a própria garonne (sem influência do limousin).
Segundo a FAO, a raça blond d’aquitaine resultou de uma fusão entre garonne, quercy e blonde, que deveria ser denominada blonde du sudouest,
mas isso não se verificou. A raça limousin, pelo contrário, ganhou total independência. Ironicamente, a raça era apelidada de “coquetel General de Gaulle”.
O habitat do gado amarelo – avermelhado dos Pirineus encontra – se no extremo sudoeste da França, delimitado pelas margens do rio Garonne, Burdeos, Périgord, Quercy e Gascogne.
No Brasil a raça adaptou – se bem. Eduardo Cotrim registrou, em 1913, que a raça garoneza garantia bons produtos quando cruzada com o caracu – base da pecuária na época. Os experimentos eram poucos. A raça voltou a ser introduzida em 1972, surgindo como alternativa na Exposição de Esteio (RS). Existem dois estudos de formação de raças sintéticas pelo cruzamento de blonde com caracu: a aquitânica e a tropicana (3/8 blond d’aquitaine e 5/8 caracu), esta última iniciada a partir de 1994, pelo pecuarista José Eduardo Rocha Cabral (PR).

Características
O blond é um animal de grande porte, apto para o trabalho, com excelente taxa de crescimento, que vem cedendo lugar a um formidável animal de corte. O rendimento leiteiro é de cerca de 1.000 kg por vaca, com 3,5 – 4,2% de teor butiroso. O rendimento da carcaça é compensador (acima de 60 – 65%), com carne muito apreciada, levando a raça a ganhar, constantemente, novos mercados. A vaca pesa entre 700 – 800 kg os machos entre 1.000 – 1.200 kg.

Performance
A inseminação artificial e a transferência de embriões são ferramentas largamente utilizadas por melhoradores do blond e, a exemplo do Mida Test na França, os criadores nacionais usam o teste de progênie e o rigor na escolha de qualquer animal para ser reconhecido como melhorador da raça. Produtores de blond têm procurado realizar pesquisas de desempenho no Brasil, ao mesmo tempo que surgem novos criadores que promovem importações de material genética cujo resultado final é enriquecer o patrimônio brasileiro.
Desde muitas gerações, o blonde vem sendo selecionado para um animal especializado no desenvolvimento estrutural e muscular, com a transformação rápida de alimentos em carne de qualidade. Na origem, sempre foi selecionado com destaque para a precocidade sexual, fertilidade, habilidade maternal e funcionalidade dos animais.
Nos testes e pesquisas verifica – se, em média, uma taxa de conversão entre 5,3 – 6,0kg de matéria seca por quilo de ganho de peso e um rendimento no abate entre 58 – 60%. O blond tem sido apontado como boa escolha em ambientes de elevada temperatura, para ser criado em regime de campo.

Cruzamento Industrial
A Embrapa, em São Carlos (SP), realizou um experimento com 18 animais com várias raças, com dieta de 13% de proteína bruta e 70% de DNT. Ficou evidente que o cruzado blonde x nelore apresenta animais com peso inicial de 275 kg e, em 69 dias de confinamento, terminando com 405 kg (15,8 arrobas) – um ganho diário de 1,9 kg; no abate, tiveram um rendimento de 58,5%.
Em Ilha solteira (SP), na universidade estadual Júlio mesquita filho, foi realizado outro experimento onde o peso inicial de animais 3/8 nelore e 5/8 blonde era de 405,7 kg. O peso final foi de 511,1 kg, com ganho diário de 1,35 kg e taxa de conversão de 8,3 kg MS/ kg PV. A carcaça pesou 285,6 kg (19,026 arrobas), com rendimento de 55,85%.
Já em confinamento orientando pelo instituto de zootecnia de Sertãozinho (SP), na Fazenda Bethania, o peso vivo inicial de animais castrado era de 405 kg, terminando com 535 kg , com um ganho de 1,16 kg/ dia em dieta de 12% de proteína bruta e 66% de NDT. Os animais inteiros, entre 20-24 meses, iniciaram com 347 kg , terminando em 509 kg , com ganho diário de 1,572 kg .

Padrão da Raça
A pelagem é de uma só cor: loira (significado da palavra Blonde) ; ou do amarelo claro e o amarelo escuro. O pêlo é suave e curto, mais nunca eriçado.
Condenam-se as manchas brancas, negras ou de cor vermelho escura, nas extremidades, na parte inferior do abdômen e nos flancos. A pele é flexível, de grossura média e coloração rosada, sem pigmentação negra ou castanha em torno dos orifícios naturais, encurvando-se para baixo e adiante, mas as pontas podem dirigir-se para frente ou para trás, com coloração amarelada, e com a ponta escura, mas nunca negra.